Planeta Sustentável

quarta-feira, 15 de abril de 2009

O Reinado da Pimenta

Séculos atrás a Pimenta-do-Reino era vendida a preço de ouro. Grandes navegações foram empreendidas na busca deste condimento tão banal nos dias de hoje, mas que em outrora enriquecia reinados e ousados mercadores. Vamos a sua história…

A pimenta-do-reino era um dos bens mais procurado pelos nobres europeus, e seu valor era tão grande que muitas vezes era utilizada como dinheiro, até mesmo no pagamento de impostos. Devido a esta valorização, os estudiosos da época viviam tentando descobrir o caminho das Índias, e isto foi um dos grandes motivos das viagens ultramarinas. Parece incrível como um punhado de pimenta-do-reino possa ser responsável por tantas “descobertas” e tantas mortes e conquistas há alguns séculos. Depois de dominarem o seu cultivo, a pimenta-do-reino foi se tornando mais acessível e se difundindo. O interesse era muito grande também, pois os europeus a utilizavam para conservar carnes, já que não tinham outro meio. Com a pimenta eles logo desenvolveram os embutidos e os defumavam, permitindo que um produto a base de carne durasse muitos meses.

A pimenteira é uma planta trepadeira, podendo atingir até três metros de altura. Dos frutos preparam-se praticamente três tipos de condimentos: Os frutos verdes podem ser conservados em salmoura, e são utilizados desta forma em vários pratos.

Os frutos verdes ou maduros quando secos irão dar origem à pimenta-do-reino preta, que é utilizada em grãos ou moída. Agora se coletarmos apenas os frutos maduros, ou seja, os bem vermelhos, colocarmos para macerar e realizarmos o despolpamento, que nada mais é que a retirada da casca, e secarmos a semente, iremos obter a pimenta-do-reino branca. Esta é de sabor e aroma mais suave, sendo muito empregada em pratos de carne branca. Não é do agrado de muitas pessoas, pois adquire um aroma muito diferente do aroma típico da pimenta do reino.

Para quem gosta de pimenta segue um descritivo de vários tipos catalogados:

Pimenta Calabreza – Muito usada na culinária brasileira para deixar bem picantes as comidas. Também é usada na preparação de lingüiças e outros embutidos.

Pimenta Cayena – É uma variedade da Malagueta. Além de saborosa, é uma pimenta que concentra a maior quantidade de vitaminas. Em pó, é usada em pratos que pedem um sabor picante.

Pimenta Chili – Cultivada pela primeira vez no México, é uma das 150 variedades da malagueta. Usa-se seca, substituindo a pimenta vermelha fresca, com o devido cuidado, pois seu ardume é intenso, mas muito saboroso.

Pimenta Jamaica – É a baga de uma árvore graciosa e aromática, as melhores bagas vêm da Jamaica, responsável pelo abastecimento mundial. De preferência use-a moída na hora. Vai bem em conservas, marinadas para frutos do mar, carnes de caça, doces, tortas e pudins.

Pimenta Síria – Usada para temperar pratos da culinária árabe, como carne de esfiha, quibe e as carnes para recheio de charuto, legumes recheados e outros pratos.

Pimenta-do-reino - Também conhecida como pimenta negra. Originária da Índia, cultivada em todo o mundo tropical. Deve ser consumida como tempero inteiro ou moído. Combina com quase todos os pratos. É encontrada nas variedades branca, preta ou verde. É indicada na preparação do steak au poivre.

Pimenta dedo-de-moça - É a mais consumida entre nós. Seca e moída é conhecida como calabresa. Ideal para usar em quase todos os pratos de origem italiana.

Pimenta-de-cheiro- Conhecida também como pimenta-bode, é típica da culinária baiana e nordestina. Presença obrigatória em pratos como o xinxim de galinha e os bobós. É saborosa, forte e picante. De formatos e cores diversos, pode ser encontrada fresca ou em conserva.

Pimenta Habanero - Pimenta HabaneroEm forma de lanterna, é a mais forte das pimentas, e seu sabor persiste bastante na boca. As cores variam entre amarelo, laranja e vermelho. Originária do Caribe e da Costa Norte do México, foi a primeira pimenta a ser cultivada pelos Maias. É usada fresca, seca ou em molhos, bem diluída.

Pimenta malagueta - Os frutos, pequenos, vermelhos quando maduros, têm sabor e aromas fortes e bastante picante. Tempera uma grande variedade de pratos e é indispensável na culinária baiana.

Obs. Um visitante do site perguntou se existe pimenta azul, fiz uma pesquisa e encontrei um tipo de pimentão que talvez se enquadre na categoria.

Da Frugalidade - Eduardo Lima

Feliz foi Meneceu. Numa tarde ensolarada o carteiro entregou em sua residência, na capital da Magna Grécia, uma carta de seu amigo Epicuro.

No pergaminho, hoje intitulado Carta sobre a Felicidade, o filósofo nascido em Samos confiava ao amigo ateniense os segredos para se apreciar a boa mesa e os demais prazeres da vida.

Para o grande mestre filósofo, muitas vezes mal interpretado e evocado em vão pela insaciável sociedade de consumo, prazer não é algo que deva ser buscado desmesuradamente e a todo custo. Isso só vai levar à dor, frustração e ao sofrimento. Para Epicuro, a idéia de prazer é, exatamente, viver sem dor, frustração e sofrimento.

Dizia Epicuro a Meneceu:
" Os alimentos mais simples proporcionam o mesmo prazer que as iguarias mais requintadas, desde que se remova a dor provocada pela falta. Em outras palavras: pão e água produzem o prazer mais profundo quando ingeridos por quem tem fome."

Lembrei de Epicuro quando comprei o vinho de colono Telmo e Sônia, produzido de modo artesanal na Serra Gaúcha.

Antes de abrir a garrafa, tive o cuidado de pensar na melhor harmonização para tal vinho. Preparei um farto sanduíche de mortadela e servi o líquido de cor violeta vibrante em copo de geléia de mocotó, repleto até a boca.

Convidei Madame B. para o repas mas esta, alheia à ética do prazer de Epicuro, declinou sem explicações.

A sós, e em profundo silêncio, fui comprovando de modo empírico os ensinamentos de Epicuro a Meneceu. Ao fim da garrafa, tendo atendidas as necessidades básicas do corpo, descobri que o espírito também havia sido satisfeito. E fui tomado por uma imensa e absurda felicidade.

Frango na garagem

(receita enviada por Rosimary Costa)



Olá rainhas!!!
Sempre visito o site de vcs desde que comecei a escrever em um blog.
Casei há um ano e meio e só sabia fazer o básico: arroz e feijão. E como o maridão é louco por frango tenho que garimpar umas receitas na internet, trocar algumas receitas com a família. Enfim, agradar a barriguinha dele.
A minha façanha culinária foi ensinada pelo primo do maridão. Conta ele que a receita era para ser diferente e resultou numa gororoba maravilhosa. Fiz para minha sogra e para minha mãe (ótimas cozinheiras) que adoraram, até meus sobrinhos elogiaram. A receita é simples, rápida e saborosa.

Ingredientes:
500 gramas de filé de frango
4 caixinhas de creme de leite (200 gramas)
2 colheres de catchup
1 colher de mostarda
1 sachê de sazon
2 colheres de margarina
½ kilo de batata
1 copo de leite
300 gramas de mussarela em pedaços
50 gramas de queijo ralado
Alho, cebola e óleo para refogar

Modo de fazer:
Faça um purê de batata simples com leite e margarina (eu coloco queijo ralado no meio, pois amo queijo) e reserve. O estrogonofe de frango também feito de maneira simples, refogo bem os pedacinhos de frango com alho, cebola e sazon e depois acrescenta o creme de leite, catchup e mostarda.

Em uma travessa coloque o purê de batatas apenas nas laterais, deixando o meio livre para acrescentar o estrogonofe de frango. Em cima do estrogonofe coloque os cubinhos de mussarela e o queijo ralado. Leve ao forno para derreter e gratinar. Sirva com arroz branco e se quiser uma saladinha de folhas.

Nota: existe um molho pronto de estrogonofe no mercado da Parmalat que é ótimo. A medida para essa quantidade de frango são duas caixinhas de molho pronto e 2 caixinhas de creme de leite. Já se vc quiser fazer a sua receita de molho, fique a vontade.

Rosi Costa
31 anos
São Paulo/SP

Música nas refeições

Canções podem mudar o estado de ânimo e a percepção de sabor de crianças

Ouvir música pode alterar a sensação gustativa e o estado de ânimo de crianças. Essa foi a conclusão da dissertação de mestrado da psicóloga Viviane Freire Bueno, desenvolvida no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. Durante o trabalho, a pesquisadora procurou analisar o grau de percepção musical de meninos e meninas e como os estímulos musicais do ambiente são capazes de transformar o seu ânimo.

Bueno selecionou 83 crianças entre cinco e dez anos para que provassem duas soluções (chamadas de sucos), uma preparada com sacarose e outra com cafeína. Em um primeiro momento, os pequenos tomaram os sucos e os classificaram como ‘doce’ ou ‘amargo’ e ‘gostoso’ ou ‘não gostoso’. Depois, a pesquisadora colocou uma música e as crianças responderam se a consideravam ‘alegre’ ou ‘triste’. Ainda escutando a canção, os participantes tomaram novamente as soluções para classificá-las mais uma vez. Antes e depois de ouvir as músicas, os meninos e meninas também responderam a outra pergunta: ‘quem bebeu?’. Na resposta, eles deveriam apontar uma face feliz ou uma triste.

Porque comer pimentas?

Chile-Head é uma expressão da língua inglesa que pode ser traduzida como "conhecedor de pimenta". Ser um Chile-Head é um negócio sério. Significa expressão e devoção a todas as coisas relacionadas às pimentas, não apenas "o quanto arde?, mas sua duração na boca, o sabor que permanece, o crescimento, o cultivo e a cozinha, entre outras. Mas o que existe de tão profundo em gostar de pimentas?

A razão é que quando se come pimentas um componente químico encontrado dentro delas, chamado de capsaicina, irrita células específicas do nosso organismo relacionadas à dor. Existem células receptoras da dor localizadas por toda a boca, nariz e garganta. Quando seus nervos captam a dor induzida pelo componente químico destas células, elas imediatamente começam a transmitir mensagens de dor para seu cérebro.

Seu cérebro recebe estes sinais e respondem automaticamente produzindo endorfinas (nosso combatente natural para a dor) . Essas endorfinas agindo contra a dor, ao mesmo tempo, criam uma sensação temporária de euforia, dando a pessoa que come pimentas, uma sensação de bem estar.

Outras respostas do organismo incluem aumento do batimento cardíaco, aumento do metabolismo, aumento da salivação para tentar refrescar a boca e aumento da sudorese. Seu nariz também começa a escorrer e o trato gastrointestinal trabalha com maior velocidade. Amantes de comidas quentes e condimentadas logo começam a desejar sempre estas sensações quando comem e são logo apanhadas comendo mais pimentas.

Muito científico, então esqueça e apenas aproveite o sabor ardente deste condimento e faça sua refeição apenas pelo prazer!

A Dieta do Abdômem

A Dieta do Abdômen é um plano para nutricional e de exercícios físicos lançado no livro de mesmo nome escrito por David Zinczenko, editor da revista "Men's Health Magazine" e corredor que completou a Maratona de Nova Iorque duas vezes. A Dieta do Abdômen foi elaborada para ser implementada como uma mudança no estilo de vida. A dieta enfatiza 12 alimentos super-poderosos e recomenda 6 pequenas refeições ao longo do dia. As refeições principais (café-da-manhã, almoço e jantar) deve conter pelo menos três alimentos super-poderosos e cada lanche pelo menos um alimento super-poderoso.


Zinczenko explica que:
"A maioria das pessas em dieta come menos para perder peso, passando por muitas restrições de deprivações. Na Dieta do Abdômen come-se mais para pesar menos. Come-se seis vezes por dia uma variedade de alimentos para ajustar o metabolismo e livrar-se da gordura de modo que a pessoa aparenta, sinta e viva melhor do nunca."

A Dieta do Abdômen também inclui um programa de exercícios físicos (clique aqui para pesquisar preços do livro Dieta do Abdômen). Zinczenko afirma que para cada 500 gramas de músculos ganhos, a taxa metabólica sobe até 50 calorias por dia. Segundo a Dieta do Abdômen, os abdominais fortes e definidos são indicador de saúde, ajudando a pessoa a viver melhor.

Os 12 alimentos super-poderosos da Dieta do Abdômen
* Amêndoas e outras nozes.
* Feijões e legumes.
* Espinafre e outros vegetais verdes.
* Laticínios com pouca gordura.
* Aveia.
* Ovos.
* Peru ou outra carne magra ou peixe.
* Manteiga de amendoim.
* Óleo de oliva.
* Cereal integral.
* Proteína extra - whey protein (proteína de soro de leite).
* Framboesa e outras bagas como morango.


Alimentos para comer frequentemente na Dieta do Abdômen
* Molho de maçã.
* Aspargo.
* Abacate.
* Banana.
* Arroz integral.
* Bacon Canadense.
* Óleo de Canola.
* Fruta e sucos de cítricos.
* Caça magra (avestruz, etc).
* Alho.
* Lentilhas.
* Cogumelos.
* Melão.
* Pêssego.
* Óleo de amendoim.
* Ervilhas.
* Pimentas.
* Pipoca (livre de gordura).
* Mariscos.
* Semente de girasol.
* Sopa a base de caldo de carne.
* Batata doce.


Alimentos para comer ocasionalmente na Dieta do Abdômen
* Batata cozida.
* Cerveja light.
* Manteiga light.
* Chocolate.
* Café.
* Cordeiro.
* Lasagna
* Macarrão
* Margarina
* Nozes
* Pudim
* Batatas-fritas (somente se cozinhadas no óleo vegetal).
* Granola (com pouca gordura).
* Presunto.
* Mel.
* Sorvete (com puca gordura).
* Geléia e marmelada.
* Lombinho de porco.
* Arroz.
* Chucrute.
* Vitela.
* Vinho branco.
* Iogurte.

El Pájaro Pintado

El Pájaro Pintado relata la experiencia de un niño (de religión y etnia desconocidos, aunque de apariencia judía y gitana) que deambula desamparado por las zonas campesinas de la Polonia Oriental antes y durante la Segunda Guerra Mundial. Su periplo sin rumbo a través de un mundo cruel, ignorante y supersticioso, se convierte en una metáfora de la condición humana.

La novela, en la que se han querido ver reminiscencias autobiográficas (aunque Kosinski haya desmentido que se trate de una autobiografía en el sentido estricto), fue considerada por Arthur Miller, Elie Wiesel y otros como una de las obras más importantes de la literatura del Holocausto.[1] Así, Weisel, por ejemplo, escribió en el New York Times Book Review que se trataba de "una de las mejores... escrita con profunda sinceridad y sensibilidad".

Tras la publicación del libro en Estados Unidos, Kosinski fue acusado en su país natal de antipatriota debido a su implacable descripción del medio rural polaco. Las acusaciones se intensificaron en 1968, con la campaña antijudía que pusieron en marcha las autoridades polacas, que obligó a muchos judíos a abandonar el país.[2]

El libro fue prohibido en Polonia y otros países de Europa Oriental, y el autor recibió amenazas personales, que llegaron incluso a un intento de agresión en su propia casa por parte de dos inmigrantes polacos que le recordaban mucho a los campesinos que conoció en su infancia. Kosinski se dolía de que los polacos odiaran su libro y a su persona sin siquiera haber tenido la ocasión de leerlo.

Finalmente, pudo publicarse en Polonia en 1989. En Varsovia se vendieron miles de ejemplares en poco tiempo y la gente hacía colas de varias horas para comprar libros autografiados por el autor.[2] El crítico literario y profesor de la Universidad de Varsovia, Paweł Dudziak, calificó El Pájaro Pintado como una gran obra y resaltó su vertiente simbólica, argumentando que las acusaciones de antipatriótica no tenían sentido ya que las descripciones de los ambientes y los caracteres que aparecían en el libro no debían ser tomadas literalmente.[3]

Sin embargo, la recepción del libro no fue uniformemente positiva. "Cuando el Pájaro Pintado de Kosinski fue traducido al polaco – escribió Iwo Cyprian Pogonowski – lo leyó la gente con la que la familia Lewinkopf había vivido durante la guerra. Se escandalizaron por las historias de abusos que nunca habían ocurrido. Reconocieron los nombres de algunos niños judíos a los que ayudaron durante la guerra, niños que sobrevivieron gracias a ellos, ahora representados como víctimas de su abuso. Estaban furiosos por la ingratitud de Jerzy".

En posteriores reediciones, Kosinski explicó que tanto la nacionalidad como la raza de sus personajes se había ocultado para prevenir malas interpretaciones, e insistió en que la novela no era una autobiografía, sino una metáfora de la confrontación entre el ser humano en su estado más indefenso (un niño) y la sociedad en su estado más inhumano (la guerra).

Excerto: O pássaro Pintado de Jerzy Kosinski

O pássaro pintado

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
JERZY KOSINSKI



Fiquei assustado por me ver totalmente sozinho. Recordei, porém, as duas coisas que, segundo a Olga, eram necessárias para sobreviver sem ajuda humana. A primeira era o conhecimento das plantas e dos animais, estar familiarizado
com venenos e ervas medicinais. A outra era a posse do fogo, ou de um “cometa” nosso. A primeira era mais difícil de obter – exigia uma dose considerável de experiência. A segunda consistia apenas num quarto de lata de conserva, aberta numa das extremidades e com uma série de pequenos furos dos lados. Uma laçada de noventa centímetros de arame era enganchada no topo da lata, para servir de pega, de modo a permitir que a balançassemos como um laço ou como um turíbulo de igreja.

Um fogão pequeno e portátil deste género servia como uma constante fonte de calor e uma cozinha em miniatura. Podia ser alimentado com qualquer tipo de combustível disponível, preservando sempre algum lume no fundo. Ao balouçar
a lata energicamente, o ar era bombeado através dos furos, tal como o ferreiro faz com o seu fole, enquanto a força centrífuga mantém o combustível no lugar. Uma escolha sensata de combustível e um movimento oscilante apropriado permitia
que se obtivesse o calor adequado para vários objectivos, enquanto a alimentação constante do “cometa” evitava que este se apagasse. Por exemplo, a cozedura de batatas, nabos ou de peixe requeria um lume lento à base de turfa e folhas húmidas,
enquanto que para assar um pássaro acabado de apanhar era aconselhável o lume vivo obtido com ramos secos e palha. Ovos de ave acabados de retirar dos ninhos deviam ser cozinhados num lume feito com ramas de batata.

De modo a manter o lume aceso ao longo da noite, o cometa tinha de estar muito bem envolvido em musgo húmido, colhido nas bases de árvores altas. O musgo, ao arder, emitia um brilho difuso, criando um fumo que repelia cobras e insectos.
Em caso de perigo, o lume podia tornar-se rubro-branco com alguns balanços. Em dias húmidos e de neve, o cometa tinha de ser reabastecido com frequência com madeira resinosa seca ou pedaços de tronco e requeria imensa oscilação. Em dias
ventosos ou de calor seco, o cometa não exigia muita oscilação e a combustão podia ser abrandada adicionando erva fresca ou com algumas gotas de água.

O cometa era igualmente uma forma de protecção indispensável contra cães e pessoas. Até mesmo os cães mais ferozes estacavam quando viam um objecto a balouçar violentamente e a lançar faúlhas que ameaçavam pegar-lhes fogo ao pêlo. Nem sequer o homem mais corajoso queria arriscar perder a vista ou queimar o rosto. Um homem armado com um cometa carregado tornava-se uma fortaleza e podia ser atacado em segurança apenas com uma vara comprida ou atirando-lhe pedras.

É por esse motivo que a extinção de um cometa era uma questão de extremagravidade. Podia acontecer por descuido, se a pessoa adormecesse ou devido a uma chuvada repentina. Os fósforos eram muito raros naquela região. Eram dispendiosos e difíceis de obter. Quem possuía fósforos adquirira o hábito de dividir
cada fósforo ao meio como forma de poupança.

Deste modo, o fogo era preservado muito escrupulosamente em fogões de cozinha ou nas fornalhas. Antes de se deitarem, à noite, as mulheres acumulavam as cinzas de modo a que as brasas se mantivessem incandescentes até de manhã. Ao
amanhecer, benziam-se com reverência antes de reatarem o fogo. O fogo, diziam, não é um amigo natural do homem. É por isso que é necessário fazer-lhe as vontades. Também se acreditava que partilhar o fogo, especialmente pedi-lo emprestado, só podia resultar em desgraça. Afinal, aqueles que pedem fogo emprestado na terra podem ter de devolvê-lo no inferno. E levar o fogo para fora de casa podia fazer com que as vacas ficassem secas ou estéreis. Além disso, um lume que se extinguisse poderia despoletar consequências desastrosas em casos de parto.

Tal como o fogo era indispensável ao cometa, o cometa era indispensável à vida. Era necessário um cometa para nos aproximarmos de colónias humanas, que eram sempre guardadas por matilhas de cães selvagens. E, no Inverno, um cometa extinto podia levar a queimaduras por causa da geada, assim como à falta de alimentos cozinhados.

As pessoas traziam sempre pequenos sacos às costas ou presos aos cintos para apanhar combustível para os cometas. Durante o dia, os camponeses que trabalhavam nos campos coziam legumes, pássaros e peixe neles. De noite, os homens e os
rapazes que regressavam a casa balouçavam-nos com toda a força e deixavam-nos voar pelos ares, ardendo vivamente, como discos vermelhos a planar a grande altitude. Os cometas descreviam um amplo arco e as suas caudas traçavam a sua
trajectória. Foi assim que receberam o seu nome. Pareciam realmente cometas a cruzar os céus, com as suas caudas flamejantes, cujo aparecimento, como me explicara
a Olga, significava guerra, peste e morte.

Era muito complicado encontrar uma lata para fazer um cometa. Só se podiam encontrar ao longo dos distantes caminhos-de-ferro onde se efectuavam os transportes
militares. Os camponeses locais impediam que os forasteiros as recolhessem, exigindo um preço elevado pelas latas que eles próprios tinham encontrado. As comunidades de cada lado da linha lutavam pelas latas. Todos os dias, enviavam equipas de homens e rapazes equipados com sacos para recolherem todas as latas que encontrassem e armados com machados, para afastar quaisquer rivais.


--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Este é um excerto do capítulo 3 de "O pássaro pintado" de Jerzy Kosinski